O Brasil possui mais de 45 milhões de pessoas com deficiência (PCDs). Isso representa cerca de 23,92% da população do país. Muitas dessas deficiências dificultam que esses cidadãos exerçam atividades simples do dia a dia. Uma simples compra, por exemplo, pode ser um desafio, apesar das facilidades das novas tecnologias.

Neste artigo, vamos explicar como as empresas podem investir em acessibilidade e tornar seus processos de pagamento mais inclusivos, seja no ambiente físico, seja em lojas virtuais. Acompanhe e descubra como melhorar a experiência de compra dos seus clientes!

Quais são as dificuldades enfrentadas pelas pessoas com deficiência para fazer pagamentos?

Um estudo realizado pelo PROCON de São Paulo revelou que mais de 34% dos PCDs sempre encontram dificuldades em sua rotina de compras em lojas físicas. Dos entrevistados, quase 60% afirmaram que “às vezes” se deparam com problemas.

Essas dificuldades podem estar relacionadas à falta de adaptação dos espaços físicos, à ausência de recursos de acessibilidade nos sites e aplicativos, problemas no atendimento ou à incompatibilidade dos meios de pagamento com as necessidades dos usuários.

Por exemplo, uma pessoa cega ou com baixa visão pode ter problemas para ler as informações na tela de uma maquininha, ou para digitar sua senha no teclado digital. Um surdo pode não conseguir se comunicar com o atendente da loja, ou não entender as instruções sonoras de um terminal de autoatendimento. Já uma pessoa com deficiência motora pode ter dificuldade para segurar o cartão, para alcançar a máquina de pagamento ou mesmo para digitar senhas em telas sensíveis ao toque.

É preciso que os sistemas reduzam esses entraves e simplifiquem também a experiência dessas pessoas. E quando falamos em sistemas, referimo-nos não somente a hardware e software, mas também aos processos implementados pelas lojas e os espaços destinados ao checkout. Afinal, elas têm o direito de consumir com autonomia, segurança e conforto.

Como tornar o momento da compra mais acessível para pessoas com deficiência?

Existem diversas tecnologias, processos e boas práticas que podem tornar o momento da compra mais acessível para pessoas com deficiência. Ao passo que você confere as dicas que compartilhamos, avalie quais delas podem ser aplicadas ao seu negócio.

Para pessoas cegas

Ao considerar maneiras de melhorar a experiência de pagamento para pessoas cegas, considere que a principal forma de interação dessas pessoas é pelo toque e pelo som. Por isso, uma das principais estratégias é usar terminais com assistência por voz.

Esses terminais permitem que o usuário ouça as informações apresentadas na tela e possa interagir com o sistema por meio de comandos de voz. Assim, ele pode escolher a forma de pagamento, confirmar o valor, e autorizar a transação sem precisar ver a tela ou tocar no teclado.

Outra tecnologia bastante prática são os terminais que aceitam pagamentos contactless. Esse modelo permite que o usuário aproxime o seu cartão, celular ou pulseira em uma maquininha, e faça a compra sem precisar digitar a senha. Isso evita que ele tenha que memorizar ou informar a sua senha para alguém.

As teclas em alto relevo também são uma ótima opção. O recurso permite que o usuário sinta o formato dos números e letras, e possa digitar a sua senha ou outras informações com mais facilidade. Além disso, elas podem emitir um som ou uma vibração a cada toque, para confirmar a entrada dos dados. Algumas teclas também têm símbolos em braille para facilitar a leitura.

Para pessoas surdas

Os surdos não têm dificuldades para ler informações em um terminal de pagamento. No entanto, muitos deles podem não entender claramente o texto em português. Por isso, o uso de legendas simples com ícones facilita bastante. Assim, ele pode escolher a forma de pagamento, confirmar o valor, e autorizar a transação sem precisar ouvir as instruções sonoras.

Outra forma de pagamento bastante simples é por meio do QR Code, seja para o Pix, seja para uma carteira digital. Ao escanear um código na tela de um celular ou de uma maquininha, o usuário faz a compra sem precisar se comunicar com o atendente da loja. Isso evita que ele tenha que falar ou escrever o seu nome, CPF ou e-mail.

Para facilitar a comunicação entre o atendente e o cliente surdo, é fundamental que um monitor exiba as informações da compra de forma clara e legível. Assim, o cliente pode acompanhar os valores dos itens adquiridos, bem como a soma total de sua compra.

Para se comunicar com os surdos, os atendentes podem usar recursos visuais e aprender um vocabulário simples para interagir e comunicar assuntos relativos à compra.

As teclas físicas em maquininhas também são bastante úteis, pois permitem que o usuário digite a sua senha ou outras informações com mais segurança, sem precisar usar a tela sensível ao toque. Além disso, podem emitir uma luz ou uma vibração a cada toque, para confirmar a entrada dos dados.

Para pessoas com deficiência físico-motora

Uma deficiência físico-motora pode comprometer a capacidade do indivíduo de realizar atividades básicas devido a limitações nas funções do aparelho locomotor, tanto na mobilidade, quanto na coordenação e fala. Por isso, o cliente pode ter dificuldades para acessar certos ambientes ou mesmo digitar em uma maquininha.

Levando essas informações em conta, existem algumas tecnologias que aprimoram a experiência de compra do usuário. Em primeiro lugar, vamos falar do espaço físico. Em alguns locais, a pequena distância entre os caixas, as roletas e os degraus são obstáculos imensos para o usuário atravessar com uma cadeira de rodas ou mesmo uma muleta. Por isso, aplique um layout que respeite essas necessidades.

Como já mencionado, os pagamentos contactless são um facilitador e tanto. Como exigem apenas a aproximação de um dispositivo para o pagamento, dispensando a digitação de senhas na maquininha, pessoas com problemas motores nas mãos não terão dificuldades para finalizar suas compras.

Lembre-se ainda que teclas digitais em telas sensíveis ao toque representam uma grande dificuldade para pessoas com problemas motores. Por isso, optar por modelos que contem também com teclas físicas é sempre uma ótima opção. As teclas precisam ser grandes e de toque leve.

A acessibilidade é um direito de todos, e também uma oportunidade de negócio para as empresas. Ao tornar a experiência de pagamento mais acessível para pessoas com deficiência, você pode ampliar o seu público, fidelizar os seus clientes e se diferenciar da concorrência.

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